
O Ministério Público Federal (MPF) denunciou 34 pessoas à Justiça Federal por envolvimento em um esquema responsável por furtos sistemáticos de encomendas de alto valor transportadas pelos Correios entre os estados de São Paulo e do Pará. O grupo é acusado de crimes como formação de organização criminosa, furto qualificado, receptação qualificada, lavagem de dinheiro e posse irregular de arma de fogo. 5o4811
O esquema foi desarticulado em 18 de fevereiro deste ano, por meio de operação realizada pela Polícia Federal por determinação da Justiça Federal, a pedido do MPF. O nome da operação, VAR sigla em inglês para árbitro de vídeo , surgiu a partir do vocabulário usado pelos envolvidos no esquema de furto, que costumavam se referir ao crime usando termos do futebol.
As investigações foram iniciadas em 2023, após os Correios terem relatado um aumento expressivo no extravio de objetos postais entre as unidades de tratamento de encomendas de São Paulo (SP), Belém (PA) e Marabá (PA). A apuração revelou uma rede estruturada em uma empresa terceirizada dos Correios, com divisão de funções motoristas intermediários e receptadores voltada à subtração e à comercialização ilegal de produtos eletrônicos, especialmente celulares, tablets e notebooks.

Metodologia sofisticada – O grupo utilizava métodos sofisticados para burlar os dispositivos de segurança dos caminhões, incluindo manipulação fraudulenta de lacres, alterações nos compartimentos de carga e bloqueio dos sensores de abertura das portas. Um dos denunciados detalhou o esquema, revelando que as cargas eram desviadas em paradas estratégicas em cidades de Goiás, com substituição dos lacres por outros com numeração idêntica para ocultar a violação.
Durante a operação policial, foram apreendidos diversos bens de origem ilícita e dois motoristas foram presos em flagrante ao tentarem fraudar a conferência de cargas na unidade de tratamento dos Correios em Marabá. Os Correios relataram que os prejuízos com indenizações foram milionários. O MPF pediu indenização mínima de R$ 21,8 milhões.
Assinada pelo procurador da República Alan Rogério Mansur Silva, a denúncia do MPF destaca que os crimes continuaram ocorrendo até 2024, reforçando a estabilidade e a permanência da organização criminosa. A denúncia foi apresentada à Justiça em abril e foi divulgada pelo MPF nesta terça-feira (3), depois que foi retirado o sigilo do processo. O MPF pede à Justiça o recebimento da denúncia e a condenação dos acusados pelos crimes apurados.
Consulta processual: Processo 1058531-31.2023.4.01.3900. (A Notícia Portal com informações do Ministério Público Federal no Pará Assessoria de Comunicação/ Foto: Reprodução)